Previsão Experimental Esta NÃO é uma previsão oficial. Para informação meteorológica oficial, visite IPMA (Instituto Português do Mar e da Atmosfera) .

Arouca

AFDPRT
DISCUSSÃO EXPERIMENTAL PARA AROUCA
GABINETE EXPERIMENTAL DE PREVISÃO - ÁREA METROPOLITANA DO PORTO
05:21 UTC QUI 25 DEZ 2025

Discussão da Previsão Regional – Arouca

Emitida: 05:21 UTC | Válida até: 05:21 UTC SEG 6 JAN 2026

SINOPSE

Uma alta superficial rasa centrada no Atlântico oriental está a reforçar uma massa de ar estável e seca no norte de Portugal até meados da semana. Uma fraca crista em altitude persiste sob subsidência generalizada, inibindo a convecção profunda. Uma lenta amplificação de uma depressão em médios níveis sobre o Atlântico nordeste começará a erodir a crista de oeste para este no fim de semana, permitindo uma maior advecção de humidade em médios níveis para o noroeste da Península Ibérica no início da próxima semana. A advecção térmica em baixos níveis mantém-se fraca nas próximas 72 horas, com os processos radiativos diurnos a dominarem as tendências térmicas. Prevê-se um aumento progressivo do escoamento zonal em baixos níveis e humedecimento a partir de 5 de janeiro, coincidindo com uma depressão curta em aprofundamento que se aproxima do noroeste.


PERÍODO IMEDIATO (0–24 horas)

As condições atuais às 05Z mostram céu limpo, temperaturas próximas de 5°C e ventos fracos, coerentes com arrefecimento radiativo noturno sob cobertura de nuvens mínima. Apesar do aumento da nebulosidade em médios níveis até ao nascer do sol (7–9Z), as observações superficiais e os modelos de curto prazo (HRRR, AROME) indicam a persistência de condições secas durante o restante da noite. A camada limite encontra-se desacoplada, com pontos de orvalho 1–2°C abaixo da temperatura, limitando o desenvolvimento de nevoeiros.

O aquecimento diurno será rápido sob céu limpo após as 09Z, com a insolação a impulsionar as temperaturas para cerca de 11°C entre as 13–14Z. A humidade em baixos níveis mantém-se marginal (pontos de orvalho superficiais entre 3–4°C), e a inibição convectiva é forte, impedindo qualquer desenvolvimento significativo de aguaceiros, apesar de aumentos isolados na instabilidade da camada limite.

As probabilidades de precipitação mantêm-se abaixo de 15% até às 00Z de 26 DEZ, limitadas a fracas ondulações orográficas ao longo da Serra da Freita, mas não se espera precipitação acumulável. A principal incerteza reside no momento da advecção de humidade em baixos níveis vinda do oeste; contudo, a consistência dos modelos (ECMWF-HRES, GFS-13km) mostra humedecimento mínimo da camada limite antes das 12Z de 26 DEZ.

As temperaturas de bulbo húmido descerão para cerca de 1°C durante a noite, com temperaturas mínimas superficiais a atingirem 2°C entre as 06–07Z. Dado que não há descida do nível de neve nem indicação de precipitação gelada nas sondagens, não se esperam impactos meteorológicos de inverno.


CURTO PRAZO (24–72 horas)

Entre as 00Z de 26 DEZ e as 00Z de 28 DEZ, a região mantém-se sob a influência de uma crista superficial fraca mas persistente, com temperaturas em 850 hPa próximas de 0°C. Apesar das condições secas, prevê-se que as temperaturas mínimas desçam para 1°C em 26 DEZ e 2°C em 27 DEZ, com valores de bulbo húmido a atingirem respetivamente -1°C e 0°C. Estes valores aproximam-se do limiar para formação de geada em superfícies elevadas e relvadas, embora se espere que as temperaturas do pavimento permaneçam acima de zero devido à retenção residual de calor.

Um fraco impulso de depressão curta poderá afetar a costa no final de 26 DEZ (18–21Z), aumentando a nebulosidade e elevando temporariamente as probabilidades de precipitação para 23% na parte da tarde. Contudo, as sondagens dos modelos (GFS, IFS) mostram uma inversão de captação a 800 hPa e humidade limitada abaixo de 700 hPa, tornando qualquer precipitação breve e não acumulável. Eventuais chuviscos seriam fracos e de curta duração, confinados às zonas de maior altitude.

A partir de 27–28 DEZ, o reforço da crista levará ao desanuviamento e a máximas diurnas entre 12–14°C. A amplitude térmica diária alarga-se devido às condições de solo seco e escassa nebulosidade. Rajadas até 32 km/h poderão ocorrer em 27 DEZ devido ao ligeiro acentuar dos gradientes térmicos em baixos níveis na parte da tarde, embora não se esperem impactos generalizados do vento.

Os modelos mantêm elevada estabilidade nas previsões térmicas nas últimas 6 horas, com dispersão dos conjuntos (GEFS, EPS) para temperaturas a 2 m inferior a 1,5°C nas próximas 72 horas. A precipitação continua a ser a principal fonte de incerteza, embora todos os conjuntos concordem em acumulados <1 mm até 28 DEZ.


LONGO PRAZO (além de 72 horas)

O padrão sinótico sofre uma alteração significativa a partir de 31 DEZ, com uma depressão em médios e altos níveis a aprofundar-se sobre o Atlântico nordeste, impulsionando um forte escoamento de oeste para a Península Ibérica. Em 1 JAN, a advecção de vorticidade ciclónica em médios níveis aumenta no norte de Portugal, com a humidade relativa a 700 hPa a subir acima de 70%. Isto favorece a transição para céu encoberto e a possibilidade de precipitação fraca.

O primeiro evento de precipitação mensurável em mais de uma semana está previsto entre 1–2 JAN, com o ECMWF e o GFS em razoável acordo quanto à QPF (precipitação líquida) de 2–4 mm. Contudo, a dispersão dos conjuntos aumenta significativamente a partir de 3 JAN, especialmente na posição e intensidade da baixa superficial. O GFS das 00Z de 28 DEZ desenvolve uma baixa costeira mais intensa do que o IFS, resultando numa diferença de 10–15 hPa na pressão ao nível médio do mar (MSLP) no norte de Portugal até 5 JAN.

Entre 5–7 JAN, um escoamento persistente de leste em baixos níveis (ventos a 850 hPa de 15–20 kt) sustenta a advecção de humidade, com valores de TPW (vapor de água total) a subir de 18 mm para 24 mm. Isto coincide com uma gradual descida térmica em altitude, baixando os níveis de neve para cerca de 1000 m de altitude até 6 JAN. Embora as temperaturas superficiais permaneçam acima de 6°C, a combinação de chuvisco prolongado, ventos intensos (até 70 km/h) e visibilidade reduzida poderá provocar pequenos impactos na circulação.

Nenhuma solução de modelo suporta precipitação gelada ao nível do mar neste período. Contudo, se a baixa superficial se aprofundar mais rapidamente do que previsto (ex: solução GFS), a retenção de ar frio poderá tornar-se um fator, especialmente se o início da precipitação anteceder a mistura total. Este cenário mantém baixa probabilidade, mas não pode ser totalmente descartado em zonas elevadas acima de 400 m.


CONFIANÇA E PRINCIPAIS INCERTEZAS

  • Alta confiança nas condições secas até 28 DEZ, apoiada pelo acordo consistente entre modelos quanto à subsidência e baixa disponibilidade de humidade.
  • Confiança média no momento e intensidade da precipitação fraca entre 1–3 JAN; embora todos os modelos concordem num aumento da nebulosidade e em alguns chuviscos, a dispersão da QPF excede 2 mm no EPS e GEFS.
  • Baixa confiança nas velocidades do vento e duração da precipitação entre 5–7 JAN devido ao tratamento divergente do desenvolvimento da baixa costeira. O IFS mantém um sistema mais fraco e rápido; o GFS amplifica-o significativamente. Isto afeta tanto os totais de precipitação como o potencial de rajadas.
  • Baixa probabilidade, alto impacto: Se a baixa costeira se aprofundar rapidamente e a precipitação começar durante a noite com temperaturas superficiais próximas de 2°C, não pode ser totalmente descartada a ocorrência breve de aguaceiros de granizo ou neve em zonas elevadas (ex: Serra da Freita). Acumulações em relva seriam insignificantes, sem impacto esperado nas vias rodoviárias.
  • Os modelos continuam a subestimar os efeitos de convergência costeira em escala fina; qualquer intensificação localizada da precipitação junto ao escarpado a oeste de Arouca seria breve e não refletida nas previsões em grelha.

As últimas corridas dos modelos mostram tendências térmicas estáveis, com variação inferior a 0,5°C nas previsões de mínimas/máximas nas últimas 4 corridas. As tendências de precipitação mantêm-se estáveis no momento, mas exibem pequenas oscilações na QPF (0,8–1,1 mm) para 25–26 DEZ, provavelmente devido a diferenças no ajuste da camada limite. Nenhuma correção significativa de enviesamento é justificada neste momento.


Discussão experimental - não constitui orientação oficial