AFDPRT
DISCUSSÃO EXPERIMENTAL PARA PAREDES
GABINETE EXPERIMENTAL DE PREVISÃO - ÁREA METROPOLITANA DO PORTO
05:21 UTC QUI 25 DEZ 2025
Discussão da Previsão por Área – Paredes
Emitida: 05:21 UTC | Válida até: 05:21 SEG 06 JAN 2025
SINOPSE
Uma ampla crista em níveis médios domina o Atlântico Nordeste e a Península Ibérica até meados da semana, reforçando condições de subsidência no norte de Portugal. Uma alta pressão superficial centrada nas proximidades dos Açores estende uma fraca circulação anticiclónica sobre a região, favorecendo ar seco e geralmente estável até 27 de dezembro. A partir de 27 de dezembro, inicia-se uma lenta erosão da crista com a aproximação de uma onda curta progressiva do noroeste, aumentando a advecção de vorticidade ciclónica em níveis médios para a costa ocidental ibérica até 30 de dezembro. Este cenário prepara o terreno para um aumento da humidade em altitude e um incremento da nebulosidade até início de janeiro. Entre 05 e 06 de janeiro, prevê-se a passagem de um ciclone mais profundo nas latitudes médias a norte da Península Ibérica, que conduzirá um frente quente em direção à costa, introduzindo estratos baixos prolongados, precipitação fraca e vento reforçado em baixos níveis. A evolução sinóptica indica uma transição de arrefecimento por radiação sob céu limpo para condições dominadas pela advecção, com perfis quase saturados e níveis de congelação marginais.
PERÍODO IMEDIATO (0–24 horas)
Durante o restante dia 25 de dezembro, a região permanece sob influência de uma inversão nocturna rasa e gradientes fracos de pressão superficial. Apesar de céu limpo nas primeiras horas do ciclo UTC, a advecção crescente de humidade em níveis médios a partir do oeste provocou um aumento transitório da nebulosidade média/alta entre as 05–12 UTC, com a cobertura máxima a atingir cerca de 100% entre as 07–09 UTC. Este padrão está em conformidade com imagens de vapor de água por satélite, que mostram um jato húmido a envolver a periferia ocidental da alta dos Açores. Prevê-se uma rápida dissipação das nuvens durante a manhã tardia e início da tarde, à medida que a subsidência se intensifica e a mistura na camada limite aumenta. As temperaturas superficiais deverão subir até cerca de 10°C entre as 13–15 UTC, favorecidas por um fraco escoamento descendente na zona de influência do Vale do Douro.
A humidade em baixos níveis mantém-se limitada, com pontos de orvalho perto de 4–5°C, fazendo com que as temperaturas de bulbo húmido permaneçam abaixo de zero apenas durante a noite. A probabilidade de precipitação de 13% na tarde tardia (16–18 UTC) reflete o desenvolvimento isolado de convecção numa camada limite fracamente instável (MLCAPE estimado em 100–200 J/kg), embora a cisalhamento em toda a espessura da atmosfera seja desprezável, e quaisquer aguaceiros seriam breves e não acumulativos. Os ventos permanecerão fracos, com rajadas até 34 km/h no início da tarde devido à mistura turbulenta.
Durante a noite para 26 de dezembro, o arrefecimento por radiação será eficaz sob céu limpo após as 20 UTC. As temperaturas superficiais deverão descer até cerca de 0°C entre as 02–04 UTC, com temperaturas de bulbo húmido a atingir -1°C. A formação de geada será generalizada em relvados e superfícies elevadas, embora as temperaturas do pavimento possam permanecer ligeiramente acima do ponto de congelação devido à retenção de calor urbano na periferia de Paredes. Existe baixa confiança na hora exata da temperatura mínima, pois pequenas variações na nebulosidade residual ou na velocidade do vento poderão atrasar o período mais frio em 1–2 horas. A probabilidade de precipitação de 23% na noite avançada reflete sinais marginais nos modelos de fraca convergência em baixos níveis associada a uma onda curta passageira, mas a quantidade precipitável (QPF) permanece próxima de zero, não se esperando acumulação.
CURTO PRAZO (24–72 horas)
Entre 26 e 28 de dezembro, o eixo da crista desloca-se para leste, permitindo um ligeiro aumento do escoamento oeste em baixos níveis. As temperaturas registarão uma ligeira subida, com máximas diurnas perto de 10–11°C e mínimas noturnas a aumentar de 0°C no dia 26 para 5°C no dia 28. Esta tendência de aquecimento deve-se ao aumento da advecção de humidade e nebulosidade em baixos níveis, reduzindo a eficiência do arrefecimento nocturno por radiação. As rajadas de vento aumentarão até 48 km/h no dia 27 devido ao aumento do gradiente de pressão em altitude, embora os efeitos superficiais sejam limitados pela proteção orográfica do terreno.
O aspeto mais notável é a ausência de precipitação apesar do aumento da humidade. A dessecação em níveis médios e a forte subsidência impedem o desenvolvimento de nuvens profundas, com os modelos a mostrarem uma inversão térmica persistente perto dos 850 hPa. As temperaturas de bulbo húmido permanecem acima de zero durante o dia e apenas descem até 0°C à noite, eliminando qualquer risco de precipitação congelada. Quaisquer aguaceiros breves seriam de natureza convectiva, ligados ao aquecimento diurno, e limitados às zonas de maior altitude a oeste de Paredes.
Entre 29 e 30 de dezembro, o padrão em altitude mostra sinais de desenvolvimento a jusante sobre as Ilhas Britânicas, reforçando o escoamento zonal sobre o Atlântico Oriental. Isto intensifica a advecção de vorticidade ciclónica em níveis médios sobre a Península Ibérica até 31 de dezembro, coincidindo com um aumento da nebulosidade e regresso a máximas mais frescas (próximas de 8°C). Existe baixa confiança na hora exata desta transição, pois o GFS e o ECMWF divergem na amplitude da onda curta. Contudo, ambos concordam num aumento da humidade na camada limite, com pontos de orvalho superficiais a subir para 6–7°C até 01 de janeiro.
LONGO PRAZO (além de 72 horas)
O padrão evolui para um regime mais zonal ou ligeiramente ciclónico entre 01 e 08 de janeiro. Prevê-se que um ciclone extratropical em intensificação passe a norte dos 45°N entre 05 e 07 de janeiro, direcionando uma corrente de ar quente para o noroeste da Península Ibérica. Isto resultará em nebulosidade estratiforme prolongada, chuvisco fraco e ventos persistentes em baixos níveis (rajadas de 70–75 km/h) no norte costeiro de Portugal. Os totais de precipitação são modestos (até 28 mm em 24 horas a 06 de janeiro), mas a duração e o momento poderão provocar impactos hidrológicos menores, especialmente se o solo já se encontrar saturado.
A questão mais preocupante é o perfil térmico durante este período. Os níveis de congelação oscilarão entre 600–900 m de altitude, mas as temperaturas superficiais deverão manter-se ligeiramente acima do ponto de congelação (1–2°C) durante os períodos de precipitação. Contudo, não se pode excluir a possibilidade de breves períodos com temperaturas de bulbo húmido iguais ou inferiores a 0°C (nomeadamente a 02 e 04 de janeiro), especialmente durante precipitação fraca à noite. Isto aumenta o risco de geada ou gelo negro em superfícies elevadas e pavimentos não tratados, apesar da acumulação de neve ser desprezável. Qualquer precipitação congelada seria breve e não acumulativa ao nível do mar, embora não se possa excluir geada superficial ou revestimento mínimo em relvados durante breves períodos de céu limpo e calmaria.
A regressão a condições mais secas a 08 de janeiro coincide com o reforço de uma crista, mas as temperaturas permanecerão frescas (máximas perto de 8°C, mínimas perto de 2°C), mantendo o risco de geada sob céus mais limpos.
CONFIANÇA E INCERTEZAS PRINCIPAIS
- 0–24 horas: Alta confiança na evolução térmica e formação de geada. Baixa confiança nos aguaceiros isolados da tarde (hora e extensão).
- 24–72 horas: Alta confiança nas condições secas e tendência de aquecimento. Baixa confiança na hora exata das rajadas de vento a 27 de dezembro devido à variabilidade mesoescalar.
- 72–120 horas: Confiança média no início da nebulosidade e precipitação. Baixa confiança na eficiência e duração exata da precipitação devido à dispersão entre modelos na convergência de humidade em baixos níveis (ECMWF mais húmido, GFS mais seco).
- Risco de geada/congelação: Baixa probabilidade, mas alto impacto se as temperaturas de bulbo húmido descerem abaixo de 0°C durante a precipitação. A maioria dos modelos mostra temperaturas superficiais ligeiramente acima do ponto de congelação, mas uma advecção fraca de ar frio pode intensificar o arrefecimento superficial, especialmente a 04 de janeiro, quando uma fraca alta segue a passagem de uma frente.
A orientação dos modelos tem sido estável nas últimas 6 horas, com as últimas corridas (05:04–05:16 UTC) a mostrarem soluções consistentes para temperatura e QPF (±0,5°C, ±0,3 mm). Contudo, a dispersão do conjunto de previsões aumenta para além de 30 de dezembro, especialmente na hora do regresso significativo de humidade. A probabilidade de precipitação de 11% a 06 de janeiro reflete esta incerteza — embora a configuração sinóptica favoreça chuva, a posição exata da frente quente permanece sensível ao acoplamento a montante.
Discussão experimental — não constitui orientação oficial