Previsão Experimental Esta NÃO é uma previsão oficial. Para informação meteorológica oficial, visite IPMA (Instituto Português do Mar e da Atmosfera) .

Valongo

AFDPRT
DISCUSSÃO EXPERIMENTAL PARA VALONGO
GABINETE EXPERIMENTAL DE PREVISÃO - ÁREA METROPOLITANA DO PORTO
05:21 UTC QUI 25 DEZ 2025

Discussão da Previsão para Valongo

Emitido: 05:21 UTC | Válido até: 05:21 UTC SEG 29 DEZ 2025

SINOPSE

Uma massa de ar frio superficial mas persistente mantém-se estacionária sobre o litoral do norte de Portugal até ao final de dezembro, sustentada por subsidência fraca e alta pressão em altitude. A alta pressão ao nível da superfície encontra-se centrada sobre o Atlântico oriental, favorecendo um fluxo fraco de norte a nordeste em baixos níveis. Este padrão inibe a adveção de humidade profunda, mas permite a retenção marginal de ar frio junto à superfície, especialmente em zonas de drenagem superficial como Valongo. Prevê-se um lento avanço para um fluxo zonal no final da semana, mas a adveção de ar frio em altitude persistirá até início de janeiro. Uma fraca onda curta em altitude aproxima-se do oeste a partir de 1 de janeiro, aumentando a nebulosidade e introduzindo chuvisco ligeiro e prolongado com níveis de congelação marginais. Não se observa desenvolvimento ciclónico significativo nas previsões em conjunto no período até 96 horas, embora o GFS e o IFS indiquem aumento da atividade do jato em baixos níveis entre 5 e 6 de janeiro, coincidindo com as maiores probabilidades de precipitação no período alargado.


PERÍODO IMEDIATO (0–24 horas)

Às 05:21 UTC, Valongo encontra-se com céu limpo e temperaturas próximas de 6 °C e pontos de orvalho à volta de 4 °C. O restante da manhã (06–12 UTC) será marcado por insolação crescente apesar da humidade residual em médios níveis, com a nebulosidade a diminuir de 100 % às 08 UTC para menos de 25 % às 11 UTC. O aquecimento superficial elevará as temperaturas até cerca de 10 °C ao final da tarde (14–15 UTC), favorecido por ventos fracos e escassa interferência da nebulosidade.

A principal incerteza reside no possível desenvolvimento de convecção isolada durante a tarde. Embora o MUCAPE permaneça desprezável (< 25 J/kg), o fraco aquecimento diurno sobre as colinas que rodeiam a área metropolitana do Porto poderá desencadear convecção rasa isolada. Os perfis modelados mostram uma inversão de captação perto dos 850 hPa, limitando a convecção profunda, mas taxas de gradiente elevadas (6,5 °C/km entre 925–850 hPa) poderão sustentar virga breve ou chuvisco pontual, especialmente em terrenos elevados. A probabilidade de precipitação à tarde (18 %) é coerente com membros do HRRR e AROME-EPS que indicam acumulações isoladas de 0,1–0,3 mm, embora grande parte de Valongo deva permanecer seca.

As temperaturas baixarão progressivamente após o pôr do Sol, favorecidas pelo arrefecimento radiativo sob céu limpo. Às 00 UTC de 26 de dezembro, as temperaturas deverão atingir 2 °C, com temperaturas de bulbo húmido próximas de 1 °C. É provável formação de geada em relvados e superfícies não tratadas, embora as temperaturas do pavimento possam permanecer ligeiramente acima do ponto de congelação devido à retenção de calor urbano. Não se espera precipitação gelada, mas o perfil térmico marginal exige vigilância caso ocorra adveção inesperada de humidade.


CURTO PRAZO (24–72 horas)

Até 27 de dezembro, a região permanecerá sob subsidência fraca, com anticlones superficiais fixos a oeste da Península Ibérica. As temperaturas rondarão os 0 °C durante a noite de 26 para 27, com mínimas de temperatura de bulbo húmido a atingir -1 °C. Apesar das condições secas, a combinação de céu limpo e ventos fracos (abaixo de 10 km/h) favorece o arrefecimento radiativo contínuo, aumentando o potencial de geada. A probabilidade de precipitação de 25 % na tarde de 26 de dezembro parece associada a um fraco impulso que passa a norte da região, com humidade e ascensão apenas marginais. Qualquer precipitação será breve e não acumulativa, provavelmente sob a forma de chuvisco ligeiro ou virga.

A 27 de dezembro, ventos norteados com rajadas desenvolvem-se devido ao aumento do gradiente de pressão em altitude, com rajadas a 10 metros a atingir 51 km/h em áreas expostas. Isto poderá intensificar a mistura e limitar a formação de geada durante a noite de 27 para 28, apesar das temperaturas mínimas rondarem os 2 °C. A tendência de aquecimento a partir de 28 de dezembro é consistente entre os membros do conjunto (GEFS, IFS-EPS), com temperaturas a 850 hPa a subir de -2 °C para +2 °C até 30 de dezembro. Este aquecimento é impulsionado pelo aumento do fluxo de sul em altitude, embora as temperaturas superficiais permaneçam moderadas pela influência marítima.

A nebulosidade mantém-se mínima até 30 de dezembro, sem plumas significativas de humidade visíveis nos campos de transporte integrado de vapor (IVT). A principal característica sinótica a destacar é uma ampla trincheira em altitude que avança para leste através do Atlântico central, mas cuja aproximação mais próxima permanece bem a norte, limitando impactos diretos.


LONGO PRAZO (além de 72 horas)

A partir de 31 de dezembro, o padrão em altitude transita para um fluxo mais zonal, com uma onda curta progressiva a aproximar-se do oeste. Este sistema traduz-se num aumento da nebulosidade a 31 de dezembro e no início de chuvisco ligeiro a 1 de janeiro. Os níveis de congelação deverão oscilar entre 500 e 700 metros, com temperaturas superficiais próximas ou ligeiramente abaixo de 0 °C em 1 de janeiro (mínima: -1 °C).

Dado o perfil térmico marginal, não se pode excluir a possibilidade de períodos breves de chuvisco gelado durante a noite de 1 para 2 de janeiro, especialmente em superfícies elevadas ou vias não tratadas. Contudo, os perfis modelados (GFS, IFS) mostram uma camada superficial pouco profunda abaixo de zero (< 300 m de espessura), e uma camada quente em altitude (acima de 750 hPa) sugere que a maior parte da precipitação derreta antes de atingir o solo. Quaisquer acumulações seriam residuais na relva e desprezáveis no pavimento.

O período de 5 a 7 de janeiro mostra crescente confiança num aporte mais forte de humidade em baixos níveis a partir do sudoeste, com valores de IVT a atingir 150–200 g/kg·m no IFS. Isto coincide com 25–30 mm de precipitação total prevista (QPF) em 48 horas, embora as probabilidades permaneçam baixas (6–11 %) devido ao momento e duração, e não à intensidade. Os ventos aumentam durante este período, com rajadas até 73 km/h a 6 de janeiro, provavelmente associadas ao desenvolvimento de um jato em baixos níveis à frente da trincheira superficial. Apesar dos totais mais elevados, espera-se que as intensidades da precipitação permaneçam baixas devido à estrutura estratiforme. Não se prevê inundação significativa, dadas as condições anteriores secas e a baixa intensidade.


CONFIANÇA E PRINCIPAIS INCERTEZAS

  • Alta confiança em condições secas e formação de geada até 27 de dezembro, suportada pelo acordo consistente dos modelos quanto à subsidência e céu limpo.
  • Confiança média no momento e intensidade do chuvisco ligeiro entre 1 e 2 de janeiro; a dispersão dos conjuntos mostra uma janela de 6–12 horas para o início, com alguns membros (CMC) a atrasar a precipitação para 2 de janeiro.
  • Baixa confiança no tipo de precipitação superficial na manhã de 1 de janeiro: embora a maior parte das previsões favoreça temperaturas superficiais acima de zero, bolsas de ar frio na orografia de Valongo poderão permitir chuvisco gelado pontual. Nas zonas urbanas, as temperaturas deverão permanecer em ou ligeiramente acima de 0 °C.
  • Baixa confiança no momento das rajadas entre 5 e 7 de janeiro: os modelos divergem na sincronização da baixa superficial e do jato em baixos níveis, com o GFS a indicar ventos máximos mais cedo que o IFS.
  • Sem oscilação nos modelos quanto às tendências térmicas; corridas recentes (últimas 2 horas) mostram soluções estáveis entre 4°–5 °C para temperaturas atuais e 9°–10 °C para máximas diurnas. Pequenas flutuações na QPF (0,8–1,1 mm) refletem o momento da convecção, não uma alteração de tendência.

A fraca ativação sinótica domina o período; por isso, os efeitos mesoescalares (fluxos de drenagem, aquecimento urbano, convecção rasa) poderão ter impactos desproporcionais nas condições superficiais, especialmente na formação de geada e nevoeiro.


Discussão experimental – não constitui orientação oficial