AFDPRT
DISCUSSÃO EXPERIMENTAL PARA MATOSINHOS
GABINETE EXPERIMENTAL DE PREVISÃO - ÁREA METROPOLITANA DO PORTO
05:21 UTC QUI 25 DEZ 2025
Discussão da Previsão para Matosinhos
Emitido: 05:21 UTC | Válido até: 05:21 SEG 06 JAN 2025
SINOPSE
Uma crista de alta pressão estável estende-se pelo Atlântico nordeste até à Península Ibérica até meados da semana, mantendo condições secas e geralmente com céu limpo ao longo do litoral norte de Portugal. Ondulações curtas fracas, integradas num escoamento geral de oeste em níveis médios, começarão a aproximar-se do noroeste no final de semana, aumentando a nebulosidade e introduzindo instabilidade marginal e advecção de humidade no início da próxima semana. As pressões superficiais mantêm-se elevadas até 28 DEZ, decrescendo gradualmente à medida que um ciclone extratropical em intensificação avança do sudoeste dos Açores na direção da costa ocidental da Península Ibérica até 05 JAN. A advecção quente em baixos níveis torna-se cada vez mais acentuada à frente deste sistema, com elevação isentrópica a suportar precipitação estratiforme prolongada entre 06–07 JAN. Apesar de valores modestos de água precipitável total (TPW ~25–30 mm), a saturação persistente em baixos níveis e a fraca instabilidade poderão sustentar chuvisco fraco a moderado, especialmente em zonas de convergência baixa reforçada junto à costa. Não se prevêem passagens frontais significativas até 03 JAN, mas o desenvolvimento baroclínico aumenta a partir daí.
PERÍODO IMINENTE (0–24 horas)
Às 05:00 UTC, Matosinhos encontra-se sob a influência de uma massa de ar em subsidência associada à periferia ocidental de um centro de alta pressão superficial localizado perto de 40N 10W. O céu está parcialmente nublado, com desenvolvimento crescente de estratocúmulos ao amanhecer, coerente com a estabilização noturna da camada limite e fraca advecção de humidade em baixos níveis do noroeste. As temperaturas superficiais rondam os 11°C, com valores de temperatura de bulbo húmido em torno de 8°C, indicando arrefecimento evaporativo mínimo. A fração de nebulosidade tem oscilado entre 15–40% nas últimas 3 horas, mas os perfis modelados sugerem profundidade limitada da camada limite (<600 m AGL), inibindo o desenvolvimento convectivo.
Durante a manhã (09–12 UTC), a insolação crescente irá dissipar as nuvens baixas a partir do sul, conduzindo a condições predominantemente soalheiras até final da manhã. O aquecimento superficial elevará as temperaturas até cerca de 12°C até às 14:00 UTC, com pontos de orvalho próximos de 7°C. Uma fraca ondulação curta a passar a várias centenas de quilómetros a norte induzirá arrefecimento moderado em níveis médios (taxas de gradiente térmico entre 700–500 hPa ~6,2°C/km), mas a presença de uma "tampa" na camada limite e a ausência de convergência em baixos níveis impedem qualquer desenvolvimento convectivo significativo. Poderão formar-se cúmulos isolados no interior, mas não se espera precipitação.
Durante a noite (a partir das 18:00 UTC), o arrefecimento radiativo promoverá a reconstituição de estratocúmulos rasos, especialmente junto ao litoral imediato, onde a profundidade da camada marítima aumenta sob fluxo fraco de norte. As temperaturas mínimas deverão atingir cerca de 9°C até às 03:00 UTC de 26 DEZ. As rajadas de vento mantêm-se abaixo de 25 km/h, com a pressão superficial a subir lentamente até cerca de 1028 hPa até às 00:00 UTC de 26 DEZ. A probabilidade de precipitação de 15% na tarde e noite está associada a uma breve faixa mesoescalar de nuvens em modelos de alta resolução (AROME, HRRR), mas a dispersão dos conjuntos é baixa e não existe forçamento coerente para suportar acumulações mensuráveis.
CURTO PRAZO (24–72 horas)
Entre 26–28 DEZ, o eixo da crista desloca-se para leste, penetrando na Península Ibérica, permitindo que ondulações fracas percorram o Atlântico Norte ligeiramente a norte de 45N. Estas perturbações induzirão uma ligeira difluência nos ventos de oeste em níveis médios, levando a um aumento da nebulosidade sobre Matosinhos, particularmente na tarde de 26 DEZ e durante 27 DEZ. O GFS e o ECMWF indicam um aumento sutil da humidade relativa a 700 hPa (de 50% para 80%) na região até às 12:00 UTC de 26 DEZ, coincidindo com uma probabilidade de 38% de precipitação de 0,1 mm entre as 14:00–17:00 UTC. Este sinal é consistente nas últimas corridas dos modelos, embora o seu momento varie em 2–3 horas entre ciclos.
O sinal de precipitação parece ligado a uma ascensão isentrópica fraca ao longo de uma camada limite marítima rasa, com a advecção de humidade entre 850–925 hPa a atingir um pico de ~5 g kg⁻¹ m s⁻¹. Contudo, a inibição convectiva (CIN > 50 J/kg) e a ausência de instabilidade à superfície sugerem que qualquer precipitação será fraca e estratiforme, provavelmente sob a forma de chuvisco breve ou virga. As temperaturas superficiais mantêm-se perto de 12°C durante o dia e descem para 7–8°C à noite, com temperaturas de bulbo húmido próximas ou ligeiramente abaixo de 6°C — insuficientes para precipitação gelada, mesmo na presença de gotas sobrerrefrigadas.
As rajadas aumentam para 36 km/h em 27 DEZ devido ao gradiente de pressão mais apertado entre a crista em afastamento e uma baixa fraca a aproximar-se do noroeste. A nebulosidade mantém-se variável, podendo ocorrer alguma dissipação parcial durante as horas centrais do dia, caso a subsidência persista em níveis superiores. A 28 DEZ, a alta pressão reassume brevemente o domínio, permitindo que as temperaturas subam até 14°C sob céu predominantemente soalheiro. Não se esperam alterações significativas na estrutura térmica em baixos níveis, e a confiança em condições secas mantém-se elevada, exceto por eventual nevoeiro costeiro isolado ou manchas de estrato durante a noite.
LONGO PRAZO (além de 72 horas)
A partir de 29 DEZ, o padrão sinóptico sofre uma transição gradual. O anticiclone dos Açores enfraquece à medida que uma série de cavadas em altitude se aprofunda sobre o Atlântico oriental. A 31 DEZ, espera-se aumento da nebulosidade com a intensificação da advecção quente em baixos níveis à frente de uma ampla baixa em altitude a desenvolver-se perto de 35N 20W. As temperaturas superficiais mantêm-se próximas dos valores normais sazonais (9–11°C), mas as rajadas aumentam para 34 km/h devido ao reforço do escoamento em baixos níveis.
A alteração mais significativa ocorre entre 05–07 JAN, quando um ciclone profundo (pressão central projetada <980 hPa) avança do sudoeste dos Açores na direção de 38N 12W. Este sistema impulsionará um fluxo persistente de sul para o litoral norte de Portugal, elevando a água precipitável total (TPW) para cerca de 30 mm até 06 JAN — bem acima do limiar de 25 mm para chuvisco prolongado em camadas marinhas estáveis. Os membros do conjunto ECMWF e GEFS mostram forte consenso na saturação sustentada em baixos níveis (HR 925–850 hPa >90%) e numa fraca instabilidade condicional, favorecendo chuvisco fraco a moderado durante 12–24 horas.
Os totais de precipitação indicados pela média do conjunto situam-se entre 8–16 mm, embora a cobertura deva ser alargada mas fraca, com intensidades máximas <0,5 mm/h. A probabilidade horária de precipitação (6–11%) reflete a natureza persistente do evento, e não o momento convectivo. As rajadas aumentam para 75–76 km/h em 06–07 JAN devido ao forte gradiente de pressão entre o ciclone e uma alta reforçada sobre a Europa Central. Apesar das temperaturas elevadas em baixos níveis (bulbo húmido 8–9°C), qualquer arrefecimento breve em altitude poderia sustentar chuvisco sobrerrefrigerado, mas não se prevê congelação à superfície.
CONFIANÇA E INCERTEZAS PRINCIPAIS
- 0–24 horas: Alta confiança em condições secas, frescas e com nebulosidade parcial. Baixa confiança no momento exato da dissipação das nuvens na tarde, devido a discrepâncias entre modelos na profundidade da camada limite (AROME vs GFS).
- 24–72 horas: Confiança média em precipitação breve e fraca em 26 DEZ. O sinal é consistente no HRRR e AROME, mas ausente em alguns membros do conjunto GFS. O tipo de precipitação será líquido; não se esperam formas geladas.
- 72–96 horas: Confiança média a alta na tendência de aquecimento e aumento do vento. Baixa confiança no momento e intensidade exatos do início do chuvisco em 05 JAN, dado que as soluções dos modelos variam na colocação da frontogénese em baixos níveis.
- Além de 96 horas (06–08 JAN): Confiança média em precipitação leve prolongada e condições ventosas. A dispersão do conjunto na trajetória do ciclone é moderada (±3° de longitude), o que poderá deslocar as chuvas mais fortes para o mar ou para o interior.
- Perfil térmico: Nenhuma solução de modelo prevê temperaturas superficiais abaixo de 5°C durante os períodos de precipitação. Os mínimos de bulbo húmido mantêm-se acima de 4°C, excluindo neve ou gelo ao nível do mar.
- Nota sobre oscilações do modelo: As últimas corridas de alta resolução (últimos 30 minutos) mostram pequenas flutuações no momento da humidade em baixos níveis (0,8–1,1 mm de QPF), mas sem tendência para forçamento mais forte. As soluções estabilizaram nas últimas 4 corridas.
Discussão experimental - não constitui orientação oficial